sexta-feira, 16 de abril de 2010

Na Holanda

Já começou! De momento em Madrid à espera do voo para Amsterdão. Acabei de pagar 7€ por uma salada e 2.55€ por uma maçã!Ontem não tive hipótese de treinar e por isso quero dar uma corrida assim que chegar a Haia, coisa que ainda deve demorar. Jantar hoje com o resto do grupo em Roterdão ou ficar no sossego do hotel de 5 estrelas em Haia (com os cumprimentos da amiga Cristina!)?

Afinal nem Haia nem Roterdão, o hotel entrou em overbooking e o tuga com preço de amigo foi o primeiro a saltar fora... e ainda por cima só me dão alternativa em Amesterdão (e eu feito parvo fui...) que fica a 1h15m de Roterdão, o que é totalmente inaceitável para vir fazer a maratona.

Já não sei viajar. Distraio-me e ando completamente perdido. Não vi onde ficava o hotel e andei completamente perdido a procura de um hotel que já sabia desde Madrid que estava esgotado, apesar de ter uma reserva feita. Depois de perder tempo e dinheiro para nada acabei por voltar a Amesterdão, de onde tinha vindo. Chego ao novo hotel e não sabia o pin do cartão de credito. Desespero. Preciso de deixar um balurdio de dinheiro como caução, como não tenho decido ficar só uma noite e logo a seguir penso mas porque e que não fui logo para Roterdão? Quando vejo o quarto fico melhor embora tenha decidido que detesto as caganças deste tipo de alojamento. Desde que seja um sítio sossegado com lençóis lavados e desde que não cheire a vinagre por mim esta bem. Entretanto fui sair um pouco em Amesterdão e já sem a mala atrelado fiquei logo apaixonado pela cidade. Como não adorar uma cidade cheia de bicicletas por todo o lado? Andei muito em Amesterdão. Acontece-me sempre isto nas cidades. Ando e ando maravilhado com tudo e se me derem uma bicicleta não paro. Anda-me ca a fazer uma espécie não ter ainda uma bina... 2a e 3a vingo-me.

Escrevo isto sentado no lobby de mais um hotel fino onde estão todos os outros membros da equipa wikaboo. Este não é tão fino porque esta cheio de espanhóis em fato de treino com cabelo à cromo e ar de quem me vão todos dar uma rabeta na maratona amanhã. Entretanto fiquei num Hostel, o Stayok em Roterdão no dia antes da prova. Poder-se-ia pensar que dormir com mais 4 macacos que não conhecemos de lado nenhum na noite antes da prova para a qual andei a treinar durante 5 meses não fosse a melhor opção. De facto até nem dormi mal e acordei bastante bem disposto. O hostel estava cheio de corredores de manhã e tomei o pequeno-almoço num ambiente muito peculiar. Sentia-se o nervoso no ar.

Acerca da maratona. É-me sempre difícil descrever uma prova mas esta transmitiu-me de facto tantas sensações que penso que sairá naturalmente. Não posso começar pelo principio porque esta maratona começou (como qualquer cliche) há muito tempo atrás. Mas começo pelo dia de ontem em que falávamos das previsões de cada um e das tácticas para a maratona. Eu não me conseguia decidir. Sabia que de acordo com o meu tempo da meia tinha hipóteses de me aproximar das ambicionadas 3 horas. No entanto não sentia que o meu corpo estivesse preparado para esse esforço e decidi mandar às urtigas as tácticas e seguir apenas as minhas sensações durante a prova. Para piorar (ou não) tive de começar do curral D destinado a quem tem tempos na maratona ate 3h30, como resultado disso foi-me impossível andar mais rápido que 5m/km e pior que isso andei a fazer corta mato e a ziguezaguear ate ao km 15 e conseguir ultrapassar o grupo que ia com o pacer das 3h15. Como não havia pacers para as 3h10 de vez em quando consultava o garmin para ver como ia. O problema e que o garmin estava a marcar mal e comecei a perceber que se mantivesse aquele ritmo não conseguia baixar das 3h10, o que era o mínimo que o meu ego podia aguentar. resolvi então baixar para os 4m15/km e ver o que acontecia. E assim segui alegre da vida (mentira) ate que apanhei a ponte que foi um autentico muro com vento de frente. Fiz 4m40 nesse km e acho que nunca mais recuperei desse esforço. Estava então no km 25 e voltamos a entrar no centro de Roterdão e no sítio onde menos apoiados fomos. Porque nos subúrbios era uma loucura. Gente e mais gente. Cartazes, palmas, gritos de incentivo, putos a estenderem as mãos para os cumprimentarmos (houve um cabraozito que tirou a mão no ultimo momento...) bandas a tocar, dj's a darem festivais de som, pessoal com batuques, apitos, bandeiras, laranjas, bananas. Um espectáculo brutal. Prometo desde já incentivar a próxima maratona de Lisboa caso não participe nela. Nesta senti a importância do apoio.
Foi brutal a quebra que senti quando atravessamos o bosque onde estava pouca gente a ver. A partir dos 25km ia fixado numa ideia atingir os 30km. Quando Cheguei aos 30 concentrei-me em atingir os 32km e ficar com 10km para fazer. Um tirinho. Vi que ia fazer abaixo das 3-10 e que só tinha de manter o ritmo e acho que relaxei um pouco porque aos 34 tive uma quebra brutal. Senti um mal estar geral mas muito difuso. A unicamente sensação que posso descrever com exactidão é a de um formigueiro nos braços. Senti-me a começar a correr todo torto e arrastado e segui autênticamente em piloto automático até ao km39 e aí começou uma nova prova. 3km que fiz porque eram só 3 mas que me custaram tanto como o resto da prova. E depois foi a chegada à recta da meta, 500m, 400m (mas isto não acaba?) 300m e uma multidão a gritar por nós e eu sem ver nada. A fazer as caretas mais feias de todos os tempos e a tentar correr o mais dignamente possível. E o fim finalmente e uma sensação de calma.

Agora jantar um belo bife em sangue e entornar umas cervejas pela goela abaixo e depois uma noite em sossego de novo num 5 estrelas. Desta vez fiquei com o quarto do Milton que teve de se ir embora mais cedo. Lá tive de lhe fazer esse favor...

Vim apenas visitar Delft no dia a seguir à maratona mas apaixonei-me pela pacatez desta cidade que mais parece uma aldeia grande. À tarde quando cheguei parecia que estava num museu ao ar livre. Não só pelos monumentos e casas antigas, que as há, mas pelo silencio. Pelo facto de quase não circularem carros no centro o nível de ruidosa baixa muito, e as pessoas falam mais baixo. Resumindo mesmo o que vinha a calhar depois da barulhenta Roterdam. Assim que Cheguei decidi que queria cá ficar e la fui eu passear a mala pela cidade ate encontrar um sitio muito fixe para dormir. Soul inn. Deu para trocar uma conversa com o dono e é realmente um cool. Mudei rapidamente para umas calcas novas e fui fazer aquilo que mais me apetecia desde que Cheguei a Holanda. Andar de bicicleta. E foi andar o resto da tarde. E foi ficar envergonhado com o nosso pais. A quantidade de hectares com lagos jardins pistas de bicicleta, pistas de caminhada, para cavalos! (a propósito vi uma senhora de bicicleta a puxar um cavalo pela trela...). Mil pessoas iam de bicicleta para casa ao fim do dia e quando se tem condições é um passeio que sabe bem. Eu fui ate 2 urbanizações bem giras já no meio do campo. Que qualidade de vida. Enfim deu para ficar melancólico. Vou jantar senão quando entrar no restaurante começam-me a olhar de lado. Aqui fecha tudo muito cedo e não me consigo habituar.

Bom. Como achava que era tudo bom em Delft entrei num restaurante que me parecia giro. E como a primeira empregada que me atendeu me piscou o olho acabei por me sentar ignorando alguns pormenores que me assombraram o resto do curto jantar. O nome do restaurante Billy Beer... A musica disco sound... A decoração uma mistura de saloon com bonecos de peluche... Quando abri o menu é que cai em mim e reparei em tudo. Então por vergonha não sai. Optei pela sopinha acompanhada do copo de vinho. A propósito o vinho que me tem servido não é mau de todo. Já da sopa não posso dizer o mesmo. O melhor e ir beber uma bejeca pensei e fiz. E depois de algumas voltinhas la achei o sítio. Cheio de locals e com a gaja mais gira da Holanda. Casava-me já com ela e vinha viver para Delft. Porra que e mesmo gira. Simpáticas são todas sem excepção. Nem de propósito começa a dar Bob Dylan... how does it feel? To be on your own...

10 comentários:

nuno disse...

Gotta love Amsterdam, land of the bikes!
Em Amsterdão é mt mais fácil circular de bicicleta do que de automovel. A simbiose entre ciclovias, estradas, vias para pessoas e vias para electricos é simplesmente divinal.

Outwit the devil rushed! disse...

Soube-me bem...

Abraço.

Vermes e outros contos disse...

Muito fixe! Onde é que me inscrevo? :)

Yugo disse...

Inveja!! pró ano vou contigo.

Anónimo disse...

Não Yugo, eu é que vou...trato dos pormenores da viagem, já que tu és muito distraído e podes perder-te :P Prometo que memorizo o pin do TEU cartão de crédito!!!
Beijito
Cátia

CRISTINA disse...

Sei que não foi culpa minha... mas desculpa lá a cena do overbooking!!
Só de pensar nisso até me fico a sentir mal.
Mas pronto, o importante é q correu tudo bem.
Só um pormenor, tu qd dás um cartão de crédito num hotel ao check-in não precisas do PIN pa pagar Toni!! O programa do hotel debita-te logo no cartão e tu só tens é de assinar a conta no final da estada!! AHAHAHAH

CRISTINA disse...

Ou achas que num hotel 5 estrelas eles sacam da maquinazinha do Multibanco po cliente pagar??? Só em casos mto raros. Porque normalmente a papinha já tá toda feita! lolol
besitosss

RuiRuim disse...

pois mas neste caso sacaram.. e era mesmo preciso o pin. Não me perguntes porque mas à pala disso andei à penúria nos últimos dias.

eu disse...

Rui,és o máximo. O teu blogue diverte-me...ando a seguir-te..lindooo. Bjs...continua...ainda n me inscrevi, vida difícil

CRISTINA disse...

Hello my friend!! Voltei da fantástica cidade de Amsterdão! E via o Queen's day!
Pois é voltei e tb me pediram o PIN. :P
Qd fiz o check-out perguntei porquê e sabes qual foi a resposta???
Pq o programa deles não funciona, então têm q pedir o PIN naquelas maquinetas arcaicas!!
Enfim... Não são tão avançados com se pensava. Pelo menos em Portugal já tens a papinha toda feita!!!
beijos